Foto: Charles Guerra (Diário)
Cobertura desabou no dia 6 de fevereiro
À frente de um empreendimento de 35 anos, Henrique Pascotini, 53, deparou com uma das piores situações profissionais de sua vida ao ter de demitir 14 funcionário de uma só vez, no início deste mês. Ele é um dos proprietários do tradicional Restaurante Caixeiral, que funcionava no primeiro andar do clube homônimo.
Desde o desabamento de cerca de 40% do telhado - da metade do salão até o palco-, na madrugada do dia 6 de fevereiro, a entidade não voltou a abrir. Até essa data, eram servidos cerca de 250 almoços por dia.
- É uma situação péssima. Demiti cozinheiras, garçons, recepcionistas. Eu tinha funcionário com 35 anos de serviço. Paguei o mês de fevereiro para todos e tive de fazer empréstimo para a rescisão de todos. Não tinha o que fazer. Não vou reabrir antes de cinco meses. O negócio é esperar, torcer que não chova muita para não atrapalhar as obras, e chamar o mesmo pessoal assim que a reforma terminar - explicou Pascotini.
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A direção do clube, que estima um prejuízo de cerca de R$ 300 mil, aguarda todos os laudos para começar a reconstrução.
- Estamos providenciando orçamentos, empréstimos, mas não está fácil. Vivemos praticamente do repasse do estacionamento e do restaurante, que também está parado - lamenta o presidente do Caixeiral, Delmar Guerra.
O clube segue interditado. Conforme um dos arquitetos que presta serviço à entidade, Marcus Coden, se estuda, junto ao Instituto de Planejamento de Santa Maria (Iplan), o melhor material a ser utilizado para a nova estrutura e que se adapte melhor ao projeto. Umas das possibilidades é uma cobertura metálica em aluzinco. Não há previsão para que as obras tenham início.
FAMÍLIA CAIXEIRAL
Garçom há 10 anos no Caixeiral, Jorge Dutra, 55, relata que, em uma semana, já são duas notícias que abateram ele e todos os colegas:
- Primeiro, a queda do telhado, seguida da demissão. São muitas famílias que dependiam do restaurante. Eu estou fazendo um extra à noite. Depois, veio a morte do Gilberto, que é pior que qualquer desemprego. Sentimos muito, todos temos uma boa relação, colegas e chefe, e costumamos dizer que somos a "família Caixeiral".
Gilberto Mendes, 61 anos, foi assassinado no dia 3 de março, junto do filho, Gabriel Mendes, 16, no apartamento da família, na Rua Floriano Peixoto, no Centro de Santa Maria. Vera Lúcia Brasil Gonçalves, 56 anos, mãe de Gabriel e mulher de Gilberto, foi atingida com dois tiros, chegou a ser hospitalizada, mas deu alta e passa por recuperação. O crime, que vem sendo tratado como latrocínio (roubo com morte), chocou a cidade e o Estado.